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Channel: O Farol de Metangula
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Parceiros no Niassa!

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Se havia um maluco (mais maluco que eu) pelo Niassa, era o Valdemar Marinheiro, mas esse, infelizmente, já cá não está para dar o seu contributo nesta luta pelo sucesso. Pelos mortos temos o respeito que eles merecem e a admiração pelo que fizeram em vida e sentimos saudades deles, como eu sinto do Valdemar.


Mas, hoje, é de outro parceiro que quero falar ou, melhor dizendo, prestar-lhe um tributo muito especial por nunca me ter abandonado, desde que nos conhecemos, refiro-me ao Eduardo Maria Nunes. Ele reúne mais de 50% dos comentários feitos em todos os meus blogs e não sei se eu ainda por aqui andaria se não fosse por ele a injectar-me a energia que por vezes me falta.
E falando do Niassa, porque é disso que se trata, ele chegou lá primeiro, no ano de 1963, se não estou enganado, incorporado no «Batalhão de Caçadores Nº 598» que se radicou em Vila Cabral. Eu só lá chegaria um ano depois, em Setembro de 1964, quando os frelimistas começaram aos tiros. Antes de mim, ele calcorreou aquelas picadas, desde Vila Cabral até Metangula, passando por Maniamba, Nova Coimbra, Lunho e Cobué, lugares lindos de ser ver se não fosse pela guerra.


Casualmente, fui destacado para passar uma semana com o Exército, para desenvolvermos uma operação em conjunto, na zona a norte do Cobué, no último trimestre de 1964. Montamos a nossa tenda junto das tendas dos camaradas do exército, tomámos as refeições em conjunto e nunca saberei se estive sentado, lado a lado, com o Eduardo saboreando uma marmita cheia de feijão frade com sardinhas de conserva. Na Marinha nunca me calhou tal petisco, ele talvez não tenha essa "petisqueira" guardada num cantinho da sua memória, pois pelo que se falava, tal ementa era repetida com alguma frequência.
Em Janeiro de 1965, depois de ter dado por lá uns tirinhos regressei a Lisboa sem intenções de voltar a Moçambique. Entretanto o Eduardo por lá continuou, durante mais alguns meses, a amargar as agruras da guerra, a qual transformou aquele canto do mundo num autêntico inferno. Principalmente por causa das minas que a Frelimo espalhava a esmo em tudo que era picada. Se as tivessem que pagar não seriam tão pródigos, mas como eram oferecidas pelos comunas de Moscovo e Pequim, toca a aviar. Toda aquela zona entre Maniamba e o Cobué, com o Lunho no meio, era um verdadeiro inferno por causa delas. Daí lhe ficou o nome de «Estado de Minas Gerais», bem conhecido por todos os combatentes que por lá passaram.
E quando o Eduardo dava por terminada a sua guerra e regressava a Lisboa, inscrevi-me eu na Companhia de Fuzileiros Nº 8 para regressar a terras moçambicanas. Cheguei lá nos fins do ano de 1965 e passei na capital da província quase todo o ano de 1966. O resto da comissão foi passado no Niassa e voltei a calcorrear as picadas por onde o Eduardo e eu já tínhamos andado três anos anos. Um acaso da vida levou-me ao Quartel do Exército de Vila Cabral, em meados de 1967 e tirei lá uma fotografia que aqui vos vou mostrar para provar o que digo.


Por causa das minas de que atrás falei, a Parada do Quartel era um autêntico cemitério de viaturas acidentadas. Quem ocupava o quartel, nessa altura, era o Batalhão de Caçadores Nº 1891, talvez o que mais publicações tem na internet. Nessa altura já o Eduardo tinha feito o espólio no Exército e cuidava doutra vida.


E termino com uma última notícia, para vos contar que o Eduardo já é reconhecido "na rede" como uma pessoa importante e com direito a perfil público. Diz ali em cima que isto só pode ser visto por mim, mas ele não se vai chatear comigo por eu partilhar o segredo convosco.
Toma e embrulha!!!


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